Drag: um assunto que sempre me intrigava. Achava que meninos, mesmo gays, não precisavam se vestir de mulher. Que ignorância! Hoje não consigo entender como nós do meio podemos ser tão preconceituosos? Mesmo com algumas demandas diferentes, somos todos vítimas de opressão homofóbica. Lésbicas, gays e trans deveriam estar lutando juntos pelos direitos que a sociedade quer lhes usurpar. Bem, mas o assunto nessa postagem é drag. Antes de ser apresentado ao programa Rupaul's Drag Race por um querido amigo, julgava e achava aquilo uma palhaçada somente olhando a vinheta do programa. Preconceito de bicha hipócrita! Aprendi que julgar alguma, ou qualquer pessoa, sem antes saber como, ou o quê ela faz, é de extrema ignorância (a mesma que a sociedade usa para nos julgar todos os dias) e venho aqui pedir desculpas à todas elas. Aproveito e agradeço ao meu querido amigo Natan, por abrir os meus olhos e me convencer a assistir Rupaul. Fiquei encantado. Aprendi que vocês são artistas maravilhosas. Merecem aplausos todos os dias pela garra de fazer sua arte em um país que não as valoriza; pela simples atitude de dar a cara a tapa e não ser mais uma bicha enrustida, louca pra subir no salto e soltar o que tem dentro de si; Não aceitarem as limitações e sambarem na cara da heteronormatividade. Nesse post, quero mostrar que drags são incríveis, arte pura, trabalho árduo, criatividade a mil, ousadia e coragem. Para tanto, convidei a minha drag brasileira preferida pra responder algumas perguntinhas sobre o seu mundo e acabar com o seu preconceito (se você ainda tiver). A convidada é a linda Bianca DellaFancy. Me apaixonei quando a vi pela primeira vez no Instagram. Ela tem uma preocupação estética tão fascinante que, às vezes, quero ser Bianca por uma noite. Sua energia e simpatia cativaram não só a mim, mas a muita gente. Agradeço desde já por ter aceitado meu convite. Conheçam mais um pouco sobre Bianca DellaFancy e seu fabuloso mundo drag.
1 – Como surgiu a Bianca? De onde veio o nome e o estilo dela? Com quantos anos começou? Eu tinha um grupo de amigos, e todos começaram a assistir rupaul drag race e a admiração era tanta que resolvemos nos montar. Bianca é o alter ego malvado e com sotaque britânico da Mariah no clipe de Heartbreaker. Comecei no início do ano passado com 24 anos.
2 – Onde a Bianca tem dado as caras ou performado atualmente? A Bianca é uma drag dj que toca principalmente na cena de São Paulo. Mas já viajou o Brasil e tocou em lugares como Minas Gerais, Campo Grande, Fortaleza, Volta Redonda, etc.
3 – Notadamente seus visuais são polidos e muito bem executados. Qual a sua ligação e as suas influências na moda? De onde vem as suas inspirações? Acompanha algum blog, estilista, grife, outras drags? Não acompanho blogs de moda por falta de tempo, mas já acompanhei muito. McQueen, gareth pug e Mugler são os que mais chamam a minha atenção e me inspiram na hora de criar.
4 – Como monta os seus looks? Compra, empresta, ganha, consegue em brechó, faz, manda fazer? Quanto tempo demora pra se montar? Compro, empresto pra amigas, ganho bastante coisa e mando fazer a maioria. Demoro em média 4 horas contando com maquiagem, peruca e troca de roupa.
5 - Faz a sua própria make? Se sim, onde aprendeu? Sim, sempre. Aprendi treinando muito trancada no banheiro de casa com a ajuda de tutoriais.
6 – Gasta muito dinheiro nas sua montações? Sustenta os visuais da Bianca com os cachês de drag ou precisa ter um emprego paralelo? Eu trabalho como diretor de arte, isso ajuda a me manter e manter a Bianca. Infelizmente o cachê não banca a montação. Poucos produtores dão o devido reconhecimento financeiro que merecemos.
7 – Tem a mesma preocupação com os looks quando está de boy? Seu armário drag é maior que o seu guarda roupa out of drag? Meu armário de boy é maior. Mas por vezes acabei mesclando peças. Minha preocupação de boy também é enorme se for pra sair a noite. Caso contrário consigo ser bem desleixado.
9 – O que acha do programa Drag Race do Rupaul? Assiste? Acha benéfica a visibilidade que o programa proporciona? Eu amo! Acho um soco de autoconfiança e liberdade na cara da sociedade. Amo como temas seríssimos como preconceitos e problemas familiares são tratados com humor e leveza.
10 – Como você descreveria a Bianca?
The baddest bitch,( A pior cadela).